E se o Bonsai virasse uma Girafa?
O fazer manual aparece nesta segunda postagem como uma das características que podem vir a contemplar o trabalho de instituições independentes. Ainda que neste momento eu não fale mais sobre o exercício de desenhar, venho me aprofundar sobre o valor que o manual carrega ao mercado editorial e incluo também o artesanal como aspecto que agrega ao objeto editorial.
Como graduanda do curso de Letras, tenho estudado como este cuidado em produzir e o emprego do trabalho manual aos objetos editoriais constituem também uma particularidade de seguimentos independentes, no meu caso, editoras independentes.
Escolhi a editora Quelônio como o meu midium, e parto da tese de doutorado de José de Souza Muniz Junior para considera-lá uma editora independente, ainda que a mesma não se denomine como tal em seu site oficial. Muniz vai se utilizar dos termos “girafas” e “bonsais” para se dirigir aos grandes empresários e microempresários do meio cultural.
“De um lado, estão os editores “girafa”, empresários culturais que “mantêm a cabeça no alto e os pés no chão”, denotando sua pretensão dupla de intervenção cultural/ intelectual e êxito empresarial/ comercial. Do outro lado, estão os editores “bonsai”, expressão com a qual alguns se referem pejorativamente àqueles microempreendimentos editoriais que “requerem muitos cuidados e estão fadados a não crescer nunca”.
Sendo assim, quais seriam os parâmetros a serem mudados para que um “Bonsai” como a Quelônio se tornasse uma “Girafa”como a Companhia das Letras por exemplo?
- Aumento na produção de exemplares;
- Layout mais “poluído” de publicidade em sua página oficial;
- Foco na produção em massa, deixando de lado o artesanal;
Obviamente que existem muitas outras questões quando nos referimos a qualquer tipo de mercado, no editorial não seria diferente. Podemos pensar ainda citando Muniz:
“O editor “independente” se engendra como aquele que, permanecendo fora desses grandes grupos ou à margem deles, mantém total autonomia sobre a formação de seu catálogo e privilegia a qualidade em vez da rentabilidade.”
Portanto, apropriando-me deste jogo de metáforas, para um “Bonsai” se tornar uma “Girafa” neste grande ecossistema editorial, é preciso que a Quelônio se desfaça do seu apelo artesanal e manual. Deixando de ter a autonomia que pequenos negócios são possibilitados a ter e passe a responder para um mercado mais competitivo e porque não dizer mais rentável.