Literário — enunciar é enunciar

Carol Silva
2 min readDec 12, 2020

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Após encontros e leituras dentro de minha experiência acadêmica, não é novidade quando se fala em “o que é literário?” é uma discussão que a muito se dá e que levanta muitos questionamentos quanto ao que se é de fato literário ou outra coisa. Pois para que um objeto técnico ou uma narrativa seja considerada literária, lhe é atribuído um valor dentro de um ambiente especifico, categorizando-o assim como capital social ou simbólico. No caso de um objeto técnico inserido no formato editorial de um livro e sendo o transmissor de ideias, temos que pensar sobre a maneira pela qual o seu criador/ escritor constituiu a linguagem que expressa o seu dizer.

É preciso lembrar que a linguagem não é neutra e é neste aspecto em que falo sobre a interlíngua e a dificuldade em relaciona-la de acordo com a teoria de Dominique Maingueneau em Discurso Literário (2006). No qual, em meu entendimento, o mesmo vai dizer que a interlíngua é a possibilidade de uso da língua dentro dela mesma.

relações que entretêm, numa dada conjuntura, as variedades da mesma língua, mas também entre essa língua e as outras, passadas ou contemporâneas. É a partir do jogo dessa heteroglossia profunda, dessa forma de “dialogismo” (Bakhtin), que se pode instituir uma obra (MAINGUENEAU, 2006, p.182).

Sendo assim, o escritor enuncia pela língua em que tem que enunciar e quando não, ele vai se posicionar na interlíngua firmando-se no campo e dando sentido aos signos selecionados para seu discurso.

o uso da língua que a obra implica se apresenta como a maneira pela qual se tem de enunciar, por ser esta a única maneira compatível com o universo que ela instaura (MAINGUENEAU, 2006, p.182).

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Carol Silva

Escrita despretensiosa na tentativa de esvaziar o que aflige e contemplar a quem se acanhe.